O que acontece com o lixo descartado: impactos e soluções

Postado em: 11/28/2023

Por: Em: Blog


Entenda qual é o destino do lixo descartado e as soluções para diminuir o impacto ambiental quando ele é jogado incorretamente.

Você sabe o que acontece com o lixo descartado diariamente? A gestão dos resíduos gera impacto nas áreas social, ambiental e econômica e, por isso, precisa ser aperfeiçoada continuamente.

Segundo o levantamento What A Waste 2.0 do Banco Mundial, o mundo gera cerca de 2 bilhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos por ano. A previsão é que esse número chegue a 3,4 bilhões em 2050.

Confira no texto a seguir um panorama sobre o destino do lixo descartado no Brasil e o que pode ser feito para reduzir os impactos negativos e o descarte incorreto.

Qual o volume de lixo descartado por ano?

O volume de resíduos gerados no país é grande. Um estudo feito pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe, atual Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente – Abrema), mostra alguns números:

  • Cada brasileiro gera cerca de 1 quilo de resíduos sólidos por dia;
  • Esse volume é de 381 quilos por habitante por ano;
  • Em 2022, o Brasil registrou um total de 81,8 milhões de toneladas de resíduos sólidos.

Qual é o caminho do lixo depois que ele é jogado fora?

Para compreender o que acontece com o lixo descartado, é importante seguir seu ciclo desde o momento em que é jogado fora até sua destinação final:

Coleta: a jornada do lixo começa com a coleta nas residências, empresas e espaços públicos. Os caminhões levam o lixo para centros de transferência ou aterros sanitários.

Em 2022, a cobertura da coleta de resíduos sólidos no país era de 93%, segundo a Abrelpe. As regiões Norte e Nordeste ainda têm uma cobertura menor, em torno de 80% do lixo coletado.

Coleta seletiva: coletar o lixo já separado para reciclagem aumenta o aproveitamento dos materiais, além de diminuir a quantidade de novos resíduos que vão parar nos aterros.

Mais de quatro mil municípios no Brasil têm alguma ação de coleta seletiva. No entanto, isso não garante que ele atenda todos os habitantes de uma localidade. Um exemplo disso é a cidade de São Paulo, onde 24% das ruas não têm coleta seletiva.

Triagem e Reciclagem: nos centros de transferência, é feita a separação do que pode ser efetivamente reciclado, como papel, plástico e vidro. 

A coleta seletiva é um processo custoso e que nem sempre é eficiente. Atualmente, apenas 6% do material reciclável que o país coleta é de fato aproveitado.

Esse cenário indica a necessidade de conscientizar a população sobre a reciclagem, aumentar a coleta seletiva e estimular a logística reversa por parte das empresas. 

Destinação final: o lixo descartado que não pode ser reciclado ou reutilizado é encaminhado para os aterros sanitários. Essas áreas são preparadas para minimizar o impacto ambiental e reduzir a contaminação do solo e da água. 

De acordo com o levantamento da Abrelpe, 60% dos resíduos coletados vão para aterros sanitários. O restante vai para lixões ou aterros controlados, que não são ambientalmente adequados. Ou seja, essas áreas geram impacto nas áreas de saúde e meio ambiente.

Criada em 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)  já tratava da extinção dos lixões. A previsão inicial era para que eles deixassem de existir em 2014, mas foi adiada para 2024. Muitas unidades deverão passar esse prazo, já que é preciso criar alternativas para os municípios deixarem de usá-los.

O que acontece com o lixo quando ele é descartado na água?

Se o descarte incorreto no solo já traz danos à saúde e ao meio ambiente, o lixo descartado na água só piora esse cenário.

Infelizmente, é comum ver rios e córregos em áreas urbanas com acúmulo de lixo nas margens. São restos de alimentos, materiais que poderiam ser reciclados, móveis e objetos.

Tudo isso ainda pode estar em contato com o esgoto a céu aberto que também vai parar nesses canais. A presença de resíduos sólidos e orgânicos causam diversos danos:

  • O solo e as águas da superfície e subterrâneas podem ser contaminadas pelo chorume em decorrência do processo de decomposição do lixo jogado em áreas ambientalmente inadequadas;
  • O lixo em decomposição gera o gás metano, que é 28 vezes mais potente que o gás carbônico. Como consequência, o gás metano aumenta o efeito estufa, intensificando as mudanças climáticas;
  • Impacto na sobrevivência e reprodução da fauna e flora da região;
  • Atrai animais que transmitem vírus e bactérias, além da proliferação de micro-organismos que podem causar doenças como cólera, giardíase, disenteria, leptospirose e febre tifoide;
  • O acúmulo de materiais interrompe o fluxo da água, que fica parada e cria o ambiente favorável para o mosquito Aedes aegypti, que transmite os vírus da dengue, zika e chikungunya;
  • O lixo, móveis e objetos acumulados obstruem as galerias pluviais, favorecendo para o transbordamento dos cursos de água em períodos de chuva;
  • A inundação pode provocar mortes, estragos materiais ao afetar casas, veículos e móveis, além de espalhar os resíduos orgânicos e elevar o risco de doenças;
  • Os metais em objetos descartados incorretamente podem corroer e contaminar as águas;
  • Acúmulo de lixo nos oceanos pelo escoamento de rios e canais poluídos;
  • Necessidade de mais tempo e recursos precisos para o sistema de tratamento, desde o gradeamento para reter o lixo ao uso de substâncias químicas para evitar a contaminação da água e propagação de doenças.

O que pode ser feito para diminuir os impactos do lixo descartado?

Segundo a organização não governamental WWF, em 2019 o Brasil ficou entre os cinco países que mais produzem lixo. Apesar de ser um grande volume, entre 2021 e 2022 o panorama da Abrelpe identificou pela primeira vez uma redução na geração de resíduos sólidos no país.

Diminuir o consumo e o descarte inadequado são a linha de frente para minimizar os danos em toda a cadeia.

É necessário um investimento de R$ 30 bilhões até 2040 para melhorar o manejo de resíduos sólidos. Como resultado, a expectativa é de reduzir gastos na área de saúde e meio ambiente pelos danos causados pelos lixões e descarte indevido na água.

Outras soluções são:

  • Ampliar a coleta de resíduos sólidos;
  • Desenvolver ações de educação da população sobre o consumo em excesso, o descarte incorreto e a reciclagem;
  • Ampliar mais pontos para que as pessoas levem materiais recicláveis voluntariamente, como forma de compensar a falta de coleta seletiva;
  • Aumentar a coleta seletiva;
  • Aperfeiçoar a triagem de materiais e garantir maior aproveitamento de recicláveis secos;
  • Intensificar a despoluição de rios, fazendo uso da flotação, que traz as impurezas para a superfície da água, e da dragagem, que remove a sujeira do fundo de rios, lagos e mares;
  • Acelerar o encerramento de lixões e aterros controlados;
  • Utilizar usinas térmicas para tratar o lixo orgânico e gerar energia;
  • Ampliar o sistema de logística reversa, como medicamentos, embalagens e eletroeletrônicos, reduzindo a quantidade de lixo descartado e de retirada de matéria-prima da natureza;
  • Criar um plano de remuneração municipal para os catadores e cooperativas de coleta de recicláveis.

Otimizar a gestão de resíduos sólidos é um cenário onde todos ganham.            À medida que as ações se tornam mais eficientes, o desperdício diminui em todas as esferas para dar lugar ao melhor aproveitamento de recursos naturais e materiais. 

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